sábado, 25 de abril de 2009

E tu, onde estavas no 25 de Abril?

25 de Abril, sempre! Fascismo nunca mais!*
Para muita gente isto não significa nada. E eu não entendo porquê.
Onde estava eu no 25 de Abril?
Eu, pelos vistos, estava a mexer nos botões do rádio, em casa dos meus pais, diz a minha Mãe, e foi quando ela entendeu.
A Mãe achava que qualquer coisa se estava a passar pois só se ouvia músicas do Zeca Afonso e as chamadas músicas de cantores de "intervenção". Eu mal andava e o que queria era mexer no botão do rádio, que era enorme, típico do início dos anos 70.

Não me recordo absolutamente de nada. Infelizmente. Ou Felizmente.
Os meus Pais sempre nos quiseram explicar o que era não ter liberdade. O que era uma mulher não poder votar. O que era não haver liberdade de expressão. O que era a PIDE, quem era o Salazar, o que era o Estado Novo. O que significaram os cravos vermelhos, quem foi o Salgueiro Maia.

É com grande tristeza que vejo que a maioria das pessoas (mesmo as que nasceram antes do 25 de Abril de 1974 ou pouco depois) não quer saber o que foi o 25 de Abril, que "não gostam de política". Que não votam. Que não se interessam. Que "querem lá saber".
Durante mais de 40 anos não se pode votar livremente em Portugal, não se podia dizer o que se pensava, os jornais não podiam escrever nem descrever o que se passava na realidade: a censura passava tudo a pente fino. Não se podiam ler os livros que nos apetecesse, não se podia ir ao cinema ver os filmes que se viam na Europa pois ou eram censurados ou simplesmente não passavam por cá. Se eu quisesse sair do país nesse tempo e tivesse a idade que tenho (pois sou solteira) tinha que ter um consentimento por escrito do meu Pai. A minha Mãe se quisesse fazer o mesmo, também tinha que o ter.

E é por isso que não entendo que as pessoas não votem, que não leiam, que não se informem. Estamos na era do marasmo, do tal "quero lá saber".
Quando foram as últimas eleições perguntei a uma amiga que tem um rebento de 19/20 anos: "então, foram votar?". Resposta: Não tivemos tempo. E "o rebento" não se resseencesou porque também não teve tempo".
Pois eu, quando fiz 18 anos, fui orgulhosamente à Junta de Freguesia ressencear-me. E votei em todas as eleições desde que tenho esse privilégio. Todas.

*não sou Comunista e nem de Esquerda nem de Direita. Mas sei a sorte que tenho em viver num país livre.

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